Para Onde nos Levam as Virtudes?

Sou Arquibaldo. Minha mãe era muito religiosa, passou muito mal na gravidez e achou que eu não vingaria. Pediu em suas orações para eu nascer saudável. Nasci saudável, porém com lábio leporino.

Meu pai me olhou e teve certeza de que eu morreria em pouco tempo.

Minha mãe chorava.

― Ele morrerá de fome. Não conseguirá mamar. ― chorava minha mãe.

Minha avó, que havia auxiliado no parto, disse:

― Ele é um anjo, um ser sagrado, nobre e ousado. Chegou até aqui, vou alimentá-lo. Tire o leite nesse copo, colocarei na boca dele. Qual é o nome do bebê?

Meu pai ficou calado por alguns momentos e disse:

― Minha mãe me disse que ele é sagrado, nobre e ousado, verei qual o significado dessas palavras e depois decidirei o nome.

Daí surgiu o meu nome, Arquibaldo.

Os médicos, na época, costuraram a abertura do lábio, deixando uma cicatriz feia em minha boca.

Eu me alimentava com dificuldade e demorei para pronunciar as palavras corretamente. Era fanhoso.

Nessa vida eu era feio, com o rosto deformado, fanhoso e mal conseguia me expressar. Isso fez com que eu não fosse aceito socialmente. Essa exclusão me levou a procurar a leitura. Quando eu lia, eu saia da realidade, sonhava e vivia cada personagem. Vivia num mundo de fantasia e era feliz. Certo dia, a bibliotecária me informou que eu já havia lido todos os livros de história, geografia, romances, literaturas, poesias, contos e não havia chegado nada novo. Sugeriu que eu fosse falar com o padre, ele tinha coleções de histórias de santos, anjos, etc. Talvez eu gostasse de algum.

Era tarde e a igreja já estava fechada. Fui para casa e minha mãe estranhou me ver.

― Arquibaldo! Está tudo bem? Não foi a biblioteca hoje?

― Fui, mamãe. Já li todos os livros da biblioteca. Esperarei pela chegada de nova remessa.

No dia seguinte falei com o padre Zezinho. Ele me ouviu e disse:

― Você talvez seja o maior leitor que existe. Tenho algumas coleções, pode lê-las. Algumas eu ainda não tive tempo nem de abrir.

O padre Zezinho me levou à casa dele, que era no terreno da igreja. Entrei e fomos para uma pequena sala com uma mesa e uma cadeira ricamente entalhadas, prateleiras em três paredes, com estantes cheias de livros.

― Fique à vontade, Arquibaldo. Leia o que quiser.

Ele se retirou e fiquei lá, admirando as ricas encadernações dos livros. Assim que abri, entendi que as coleções eram presentes recebidos. Dentre as muitas dedicatórias, li uma especial: “Ao padre que salvou a minha vida, quando achei que morreria de dor, por ser traída, trocada e abandonada pelo amor de minha vida. ”

Passei a frequentar a casa do padre Zezinho.

Peguei um livro ao acaso: história de São Longuinho, um centurião romano chamado Cássio, que teria traspassado o lado de Jesus com a lança de onde saiu sangue e água. Não conhecia a história e fui lê-la. Durante todo o mês seguinte li histórias de santos, santas e anjos.

Sinceramente, achei todas monótonas. Não consegui me ver em nenhuma delas. Já pensava em agradecer ao padre e esperar os livros da biblioteca chegarem; foi quando avistei um pequeno livro, de poucas páginas, separado dos outros. Ao ler o título me interessei, era um relato sobre o arcanjo Miguel e seus cavaleiros da luz. Pensei: finalmente alguma aventura. Comecei a folhear o livro e em pouco tempo já estava devorando cada parágrafo da trajetória do arcanjo.

Decidi naquele momento que eu queria ser um anjo, ou melhor, um cavaleiro da luz.

Passei a pesquisar tudo sobre anjos. Não encontrei muitos livros, mas descobri que quando eu assumia o personagem de cada história, agora só de anjos, eu era levado a um mundo desconhecido e sabia o que fazer para ser um deles.

Nessa vida, eu despertei para a espiritualidade. Levei muito tempo, mas ascensionei e fui estranhamente convidado pela arcangelina Constância para aprender a autossustentar uma vibração. Conheci o raio amarelo e descobri que foi nele que ascencionei.

Li centenas de livros e em nenhum deles soube quais virtudes eu deveria usar para ser um cavaleiro da luz. Meus instintos me levaram a usar a sabedoria, a perseverança e a prosperidade e essas são frequências do raio amarelo-dourado.

Na mesma ocasião Arcanjo Miguel me recebeu com um sorriso e disse: Arquibaldo, sagrado, nobre e ousado, sua simpatia por mim me honrou e assim que terminar seu aprendizado sobre o raio dourado, venha aprender com os cavaleiros da luz as virtudes da fé, da justiça, da liderança e do poder.

Meu coração se encheu de alegria. Ainda não sei se serei um anjo dourado ou um cavaleiro da luz. Quem sabe eu consiga ser os dois.

Se algum dia eu conseguir me decidir, eu a avisarei.

Fim

Obrigada, Arquibaldo. Adorei a sua narrativa e esperarei por sua decisão.

Conheça mais sobre quem contou uma de suas vidas.

Arquibaldo

Anjo da Luz Amarela

― Quem é você?
― Meu nome é Arquibaldo.

― O que você faz?
― Faço parte da legião dos anjos amarelos. Como sou novato ainda trabalho em grupos. Estou aprendendo a sustentar uma frequência de iluminação e perseverança.

― Com quem e onde você trabalha?
― Trabalho com Constância, um arcanjo que me ensina a autossustentar a frequência do raio amarelo-dourado. Acompanho o grupo ao lugar onde eles forem solicitados.

― Como posso representá-lo?
― Um homem bonito, não tenho asas. Cabelos escuros, olhos castanhos, uso uma túnica amarelo-dourado.

― Essa luz não é amarela, é branca. Algum significado para isso?
― Continuo aprendendo a manipular a energia da chama amarela-dourado. Quando eu conseguir autossustentar essa consciência e vibração, me tornarei um ser dourado.

― Existe uma dimensão para se tornar um ser dourado?
― Não! É um grau de consciência que se adquire pela vontade e pela prática.

― Obrigada, Arquibaldo.

Minha experiência: “Para onde nos levam as virtudes”?