Fui chamada para atender um grupo de oito pessoas que deveriam sobreviver no pico de uma montanha gelada após a queda de um avião.

Parti para o local, entrei no avião, reconheci os meus protegidos e analisei onde deveriam estar quando houvesse a aterrissagem forçada. Sugeri a dois deles mudarem de lugar. Um deles me ouviu e passou para um lugar vago mais ao fundo do avião. O outro não se moveu, era surdo aos meus apelos. O tempo era pouco e tive que improvisar, sugestionei o passageiro ao lado que vomitasse o banco inteiro.
Ao ver que o passageiro ao lado ia vomitar, ele levantou rapidamente e se afastou. A aeromoça, que também seria uma sobrevivente, veio em auxílio do passageiro e lhe deu saquinhos para vômito.

Após essa manobra, todos estavam em seus devidos lugares. Fiz uma proteção energética assim que o avião apresentou o problema, perdeu altura e um dos motores explodiu e com ele a queda.

O pânico, a gritaria, o desespero, as preces, tudo num turbilhão só. O piloto, um dos meus protegidos, anunciou um pouso de emergência sobre a neve e que todos se protegessem.

Quando o avião deslanchou na neve, ouviu-se choro, lamentos e pedidos de socorro.

A aeromoça, que ficou sentada no meu colo, nem o cabelo desmanchou. Cheia de energia, ela se levantou para auxiliar os passageiros e descobriu que nada havia a fazer, eles estavam mortos, presos na ferragem ou esmagados. Procurou pelo tobogã, era muito alto para pular do avião. (Caso aconteça alguma emergência, o sistema da aeronave acionará automaticamente um gigantesco escorregador (semelhante a um tobogã) que inflará e será usado para a saída dos passageiros assim que as portas forem abertas).

O avião estava partido em três partes, um pedaço estava há alguns metros se incendiando, era impossível se aproximar, atrás estava o outro pedaço. Seis pessoas saíram dele.

No pedaço da frente, o piloto estava vivo, com algumas escoriações. Só ele e a aeromoça sobreviveram.

O piloto conseguiu sair da cabine de comando, auxiliou a aeromoça a acionar o tobogã, pegaram água, comida, bebidas, medicamentos, cobertores, rádios, fones, ferramentas e foram jogando pelo tobogã e escorregaram atrás, descendo do avião que poderia explodir a qualquer momento.

Os outros passageiros ajudaram e foram para longe onde uma possível explosão não os atingisse.

Os sobreviventes estavam em choque, não trocavam ideias, não choravam e nem analisavam suas chances de sobrevivência.

Tive que intervir. Sugeri mentalmente ao piloto Rogério que tentasse o rádio e pedisse socorro.

Rogério, saindo daquele estado de letargia, pegou o rádio e começou a tentar contato.

A aeromoça Zuleika era a que estava em melhor estado psicológico e começou a instruir para armarem barracas, pois a temperatura estava muito baixa e o socorro demoraria.

Pedro, um gaúcho acompanhado da esposa, Helena, e da filha de 10 anos, Sulamita, fez uma proteção com uma parede de pedras, árvores e pedaços da fuselagem do avião e acendeu uma fogueira. Sulamita estava com frio e com fortes dores no ombro.

Evandro, o rapaz que fora para o lugar no fundo do avião, tinha sangue na calça, sua perna estava ferida.

— Sr. Evandro, tenho treinamento de primeiros socorros, sua perna está sangrando. Posso ajudá-lo? — perguntou Zuleika.

Evandro estava com um rasgo enorme na coxa. Precisava de pontos. Zuleika aplicou a anestesia e o costurou. Estancou a hemorragia.

Sílvio, um empresário, trouxe vários cobertores e ajudou Evandro a se acomodar com as pernas para cima.

Adelaide, a secretária de Sílvio, trouxe um medicamento para a dor e ajudou Evandro a tomar.

Zuleika olhou o ombro de Sulamita.

— Está fora do lugar, mas não me atrevo a mexer, inchou muito e pode estar quebrado. Posso fazer uma tipoia para que ela fique mais confortável.

Foi um resgate cármico entre os oito. Ficaram lá por quinze dias.

Eles se uniram para suprir suas limitações, agradeceram cada gestão de solidariedade um do outro.

Zuleika e Adelaide foram as que mais trabalharam, incentivaram e cuidaram física e emocionalmente do grupo. Elas deviam mais aos outros.

Sulamita teve que fazer cirurgia no ombro e ficou com sequelas.

Assim que eles foram recolhidos, eu encerrei a missão.

Essas oitos pessoas nunca mais se encontraram, estavam livres uns dos outros.

FIM

Conheça mais sobre quem contou uma de suas vidas.

Mildred

Amazona dos Cavaleiros da Chama Azul

Convidada de hoje

— Meu nome é Mildred. Sou uma amazona dos Cavaleiros da Chama Azul.
— Bem-vinda, Mildred!

— Qual função você ocupa no momento e em que missão está envolvida?
— Meu cargo é chefiar um grupo de anjos e ascensionados voluntários na manutenção do equilíbrio energético do sistema planetário. A missão é manter o equilíbrio do planeta, haja o que houver.

— Esse “haja o que houver” quer dizer que, se tiver que retirar uma horda negativa, violenta e que se recusa a ir embora, vocês os enfrentarão e os expulsarão?
— Sim.

— É uma guerra do bem e do mal?
— Não! É uma guerra do bem para impedir que eles se tornem um ovo e tenham que recomeçar do zero. Quando a luz chegar nas trevas onde estão, eles se transformarão em “ovo”. Serão recolhidos amorosamente e encaminhados para a fonte geradora e iniciarão novamente, um novo ser. É isso que tentamos impedir. Se entenderem e forem para a dimensões de suas frequências, continuarão com suas escolhas e seguirão os seus destinos traçados por si.

— Você teve alguma vida no planeta? Como posso representá-la, Mildred?
— Apesar de trabalhar muito no planeta e estar muito envolvida com ele, nunca tive experiência de vida física. Eu me apresento como um anjo de roupas azuis, farda leve. Alguém bem alta. Cabelos longos e quase brancos. Com asas brancas, montada em um cavalo branco. Estou sempre volitando em meio às nuvens.

— Cor dos olhos?
— Azuis.

— Obrigada pelas informações.

— Minha experiência: “Os sobreviventes”.