Quando nasci meu pai ficou orgulhoso, eu era o primogênito. Recebi o nome de Al Amed. Nessa época minha família morava em uma região de deserto.
Fui criado como toda criança, mas tinha um fascínio pelos astros. Sonhava em um dia ir até a lua. Na minha inocência, a Lua era mágica. Aumentava e diminuía, brilhava e se escondia do sol.
Meu pai era um homem rico e me colocou nas melhores escolas. Estudei astronomia durante toda a minha vida. Tive os melhores telescópios, tornei-me observador do universo, suas galáxias e corpos celestes. Pesquisava as modificações no sistema solar, investindo cada vez mais em equipamentos sofisticados e de alta tecnologia para a época.
Quanto mais eu estudava, mais distante da Lua eu me via. Um vazio, uma frustração enchia meu peito. Vi meus sonhos de achar um caminho para viagens interplanetárias ruírem. Estávamos em meados do século XVII.
Perguntei para minha mãe:
― Por que somos tão pequenos e não conseguimos nem sequer visitar o satélite do nosso planeta? Que força é essa que nos limita e nos impede de sair do planeta?
― Essa força é a mesma que nos dá o sopro da vida. ― respondeu, ela.
Eu sempre fui muito cético e, em nenhum momento, havia pensado em barreiras diferentes e além dos meus conhecimentos técnicos.
Essa crença da minha mãe criou em mim novas perspectivas, abalando a visão lógica que mantive durante todas as minhas pesquisas.
Desse dia em diante passei a questionar e procurar as respostas para saber de onde vinha o sopro da vida. Como esse sopro chegava até nós? De quem era esse sopro? Como ele atuava no nosso dia-a-dia?
Pela primeira vez quis conhecer o que a religião falava sobre um mundo invisível, desconhecido para mim. Mesmo minha mãe, uma mulher religiosa, não soube me explicar. Fui em busca dessas respostas.
Levei muito tempo para saber que existem leis universais, que regem a vida no planeta e no universo.
Que existe uma força que criou a vida, que chamo de Criador. Que temos uma alma e quando o corpo morre a alma segue o seu caminho, continuando a jornada de volta ao Criador.
Nessa vida não realizei o sonho de conhecer a Lua, mas descobri de onde vem o sopro da vida. Quem sou e para onde tenho de voltar.
Fim
Obrigada Otávio.