Meu nome era Sofia. Nasci em Genebra, na Suíça, filha de um cientista. Ele fazia pesquisa de alimentos. Queria resolver a fome do mundo.
Eu admirava a capacidade dele olhar para a folha de uma verdura e saber as propriedades alimentícias através das cores, textura, pigmentação, etc. Eu enxergava uma folha verde.
Apesar de toda sabedoria, o trabalho dele não foi reconhecido. Não interessava as grandes empresas nada que não lhes dessem lucros.
Fui para a faculdade, aproveitei muito das coisas que aprendi com meu pai, mas descobri que mais importante que saber as propriedades dos alimentos, era descontaminá-los.
Meu trabalho interessou aos produtores, principalmente nas épocas em que era necessário o uso de agrotóxicos. Algumas leguminosas mais delicadas queimavam e morriam, independente do que fossem usados.
Desenvolvi alguns defensivos que eram pulverizados antes dos agrotóxicos e as leguminosas não se contaminavam, mas as pragas desapareciam.
Ganhei muito dinheiro, até que estudando uma folha em um microscópio, vi uma luz que a contornava.
Fiz muitas experiências com as folhas, tentando ver a relação da vida com aquele filete iluminado.
Descobri que quando eu matava a folha, o filete de luz desaparecia. Conversei com vários colegas e nenhum via esse filete que eu mostrava.
― Madalena, acho que você está precisando de óculos. Seus olhos estão embaralhando sua visão. Alguns riram.
Eu não usava óculos e enxergava muito bem. O comentário deles me irritou e passei a pesquisar sozinha.
Fui a um restaurante com uma amiga e olhando para o novo penteado dela, vi o filete iluminado em volta da cabeça dela. Olhei para minha mão e o filete estava lá. Fiquei perplexa. Eu não estava olhando em um microscópio. Não fiz comentário. Percebi que eu via alguma coisa que ninguém mais conseguia. Comecei a questionar o que era isso?
Eu não era religiosa, mas fui a uma igreja e perguntei para o padre o que era a luz que nos contornava.
Ele riu do meu jeito de falar e disse:
― É a aura. Somente algumas pessoas especiais conseguem vê-la. É um pedaço da nossa alma que se mostra.
Agradeci ao padre e fui embora.
Alma? Estou vendo um pedaço da minha alma? Preciso de descanso. Tirarei férias e lerei toda nomenclatura sobre aura e alma. Será que estou enlouquecendo?
Quanto mais conhecia sobre aura e alma, mais eu me questionava. Estudei teologia. Comecei minha busca para a espiritualidade e não parei mais.
Terminei meus dias estudando a aura, deixei muitas publicações, mas esse assunto sempre foi considerado religioso e até hoje divide as opiniões, apesar da comprovação científica.
― Obrigada, Madalena.