Nasci em uma comunidade eslava, nômade e bárbara. Só os fortes sobreviviam.

Meu pai era ferreiro e respeitado, pois todos precisavam de pontas de setas metálicas, espadas, lanças, escudos e ferraduras para os cavalos. O nome dele era Valério, o meu, Aparício.

Aprendi desde criança a profissão com ele.

Valério teve um primo que se feriu gravemente em uma batalha e perdeu uma das pernas. Não quis mais acompanhar o grupo. Fizeram uma casa para ele nas montanhas e lá ele ficou até partir para a terra dos deuses. Valério gostava muito dele e íamos visitá-los frequentemente.

Forjar ferro exigia habilidade e força. Meus músculos se desenvolveram e minha força também.

Minha especialidade era fazer escudos. Fiz todos os modelos possíveis e conhecidos e alguns, eu improvisei. Como eu e meu irmão Austin treinávamos combates, eu sentia a fragilidade dos escudos e sabia onde reforçar, aumentar ou diminuir.

Foi minha a ideia de fazer escudos longos para proteção das flechas dos arqueiros em um combate e usá-los como arma.

Raramente podíamos participar de uma luta, pois os chefes guerreiros nos queriam forjando espadas, escudos e armas.

Nosso batalhão invadiu uma cidade e foram praticamente exterminados, os poucos sobreviventes que conseguiram fugir nos avisaram para sumirmos, pois seríamos caçados e nossa morte como perdedores não seria nada honrosa.

Fugimos, Valério nos disse para nos separarmos e nos encontrarmos na antiga casa, bem longe dali.

Obedecemos às ordens do nosso pai e fomos.

Tínhamos 4 cavalos e meu pai ficou com dois; Austin com um e eu, com o outro.

Austin foi o primeiro a chegar na casa. Fiz um caminho diferente, sempre apagando as pistas e cheguei no dia seguinte.

Esperamos por dois dias e Valério não chegou.

― Ele já deveria estar aqui, vou buscá-lo. — disse Austin.

― Vou com você.

― Não! Espere até amanhã e não me siga. Faça outro caminho. ― disse Austin.

Não discuti. Vi Austin partir e senti um aperto no peito. Senti vontade de impedi-lo, mas éramos guerreiros e esse tipo de comportamento estava fora de cogitação.

No dia seguinte, montei em meu cavalo e segui prestando a atenção nos barulhos. Não queria cair em uma cilada.

Ouvi o sino de um dos cavalos da nossa carroça. Vi meu pai vindo em minha direção. Sorri. Acelerei meu cavalo e quando estava perto, Valério desapareceu.

― Pai!

Os dois cavalos traziam a carroça de volta para casa, as ferramentas estavam arrumadas e havia muito sangue seco no banco. As armas de meu pai não estavam.

Verifiquei se havia alguém seguindo. Voltei para casa e alimentei os cavalos, guardei a carroça.

Fui procurar por Austin. Antes de chegar na cidade invadida pelo nosso batalhão, vi vários corpos enforcados nas árvores, todos conhecidos, entre eles estava Austin.

Arrasado, voltei para casa.

Passei a viver na cabana, como caçador. Não encontrei mais nenhum conhecido.

A lembrança de meu pai, sentado na carroça, sorrindo para mim sempre foi um mistério. Os cavalos vieram sozinhos, ou foi meu pai que os trouxe antes de ir ao encontro dos deuses?

No inverno, a cabana não tinha aquecimento e morri de frio enquanto dormia.

Essa vida foi o meu despertar.

Fim

Obrigada Valdemar, muito triste a sua experiência.

Conheça mais sobre quem contou uma de suas vidas.

Valdemar

Andarilho do Tempo

― Quem é o convidado de hoje?

― Meu nome é Valdemar.

― O que você faz, Valdemar?

― Trabalho com a falange dos anjos azul. Sou um andarilho do tempo. Os recolhimentos, principalmente nos campos de guerra, a maioria está presa em um campo mental de dor, desespero e não vê e nem ouve nada. Os grupos são levados para um hospital etérico, passam por uma triagem, são encaminhados para alojamentos onde recebem tratamentos com ondas de frequências para acordarem do pesadelo que os mantém reféns. Muitos não aceitam a situação a que foram forçados a viverem e se acham vítimas indefesas. Esse é o ponto onde eu entro. Após esclarecer os motivos que o levaram a viver nesse local e fazer parte da destruição de uma região, eu os levo através do tempo e mostro o que eles estão resgatando. Tudo o que provocaram e o que ainda falta eliminar de seu campos etérico, conhecido como campo akáshico. Mostro o passado.

― É difícil manter a vibração nesses atendimentos?

― Sempre fazemos esses recolhimentos em grupos, isso nos ajuda a expandir o amor incondicional e a nos manter 100% em alta vibração.

― Como posso representá-lo?

― Adotei a aparência da vida em que descobri como me transformar em um anjo. Sou magro, estatura média, aparência de um jovem de 19 anos. Cabelos castanhos, curtos. Olhos castanhos, nariz arrebitado e orelhas fora do padrão. Sofri bullying nessa vida e as crianças riam ao dizer que eu tinha orelhas de elefante.

― Você se apresenta com asas?
― Sim. Todos gostam de ver um anjo com asas enormes, com espada ou lança na mão, escudo, etc. Eu me apresento conforme a crença de quem contato. Às vezes, eu trago um bandolim e toco antes de falar. Um anjo tocando bandolim acalma muito quem está com medo de tudo e de todos.

Obrigada Valdemar.

Minha experiência: “Os escudos longos dos vikings”.