Nasci em um planeta aquático, o Planeta Dourado.
Apesar da enorme área marítima, pequenos territórios e arquipélagos povoaram nosso mar de água doce.
Nunca entendemos por que só nós sofremos mutação. Por milênios os povos tentaram nos matar por nos acharem aberrações. Ganhamos todos os confrontos.
Nossos cientistas descobriram como emitir uma frequência que provocava verdadeiros tsunamis.
Avisamos que se houvesse mais algum ataque e se invadissem novamente nossas fronteiras, provocaríamos enchentes, tsunamis e acabaríamos com a raça deles. Seríamos os únicos sobreviventes.
Uma parte já nos aceitavam. Eles nos propuseram um tratado de paz e cooperação no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para o plantio e sobrevivência das populações.
Em um dos arquipélagos, o maior deles, os cientistas desenvolveram bombas submarinas e nos atacaram, achando que nos pegariam de surpresa. Nessa época eu tinha 22 anos.
Tínhamos sensores que funcionavam como minas que boiavam ao redor de nossas fronteiras. Deixamos que elas explodissem e afundasse a maioria da frota. Disparamos mísseis e afundamos o restante. Foi um ataque por mar e aéreo. Tivemos muitos feridos e mortos.
Fui gravemente ferido, ao ser atingido na barriga por um estilhaço de uma bomba, perdi o controle das pernas e fui afundando. Senti que alguém me sustentava e me direcionava para fora da área do confronto. A dor era intensa e antes de perder os sentidos, vi minha mãe sorrindo para mim. Acordei no hospital. Fui encontrado na praia por um grupo de salvamento que ia saindo em busca de feridos. Nunca soube como cheguei lá.
Nossos líderes deram a ordem de enviar a frequência fatal para a região inimiga. Não esperávamos um efeito tão destruidor. O arquipélago afundou, levando todas as pequenas ilhas que não estavam previstas no nosso campo de alcance. Nunca mais fomos atacados.
A aparição misteriosa da minha mãe me levou a questionar onde ela estava. Ela e meu pai morreram em um ataque dos terrestres quando eu tinha 12 anos. Não tive irmãos e fui criado por uma tia e nunca me casei.
Qual fenômeno desconhecido me separava deles? Eu era um cientista e passei a buscar uma tecnologia que atravessasse o véu que nos separava.
Esse foi o meu despertar.
Hoje, nossa tecnologia nos une a qualquer momento, pois transitamos entre as dimensões.
Fim
Obrigada Pedro.