Por Amor a Meu Filho

Na minha meditação para receber histórias, vi um livro sendo folheado, uma página escolhida e um homem que eu não identifiquei, começou a narrar telepaticamente…

“Viajando pelo meu registro akáshico encontrei essa passagem bastante significativa, ela mudou meu rumo, me fez entender o significado real de uma existência”.

Eu era um homem que vivia como um robô. Fazia o que todos faziam, seguia a multidão. Não questionava costumes, tradições e a religião.

Conheci uma moça encantadora e nossas famílias gostaram de nossa aproximação e nos casamos. Tivemos um filho. Alfredo nasceu perfeito, lindo como todas as crianças. O tempo passou e ele cresceu. Era uma criança delicada, delicada demais para ser menino. Percebi que alguns parentes começaram a questionar e a sugerir que ele precisava brincar com meninos, etc.

Comecei a observar meu filho e senti um frio na barriga. Até as feições de menina, ele tinha. Fui ao médico e pedi que fizesse um exame rigoroso e por que Alfredo tinha esse comportamento diferente.

Todos os exames foram feitos.

― Senhor André, o exame hormonal de Alfredo não está normal. Ele produz os hormônios, mas uma quantidade diferente e desproporcional. Não há o que possa ser feito. Ele é uma criança, mas acabará por se identificar como uma menina ou um menino. ― disse o médico.

Sai do consultório arrasado. Não sabia o que pensar. Andei sem rumo até me sentir cansado. Sentei-me em um banco de jardim, em frente a uma igreja. Resolvi entrar e fui ao confessionário, precisava colocar minha aflição e angústia para fora, falar com alguém.

O padre era muito jovem. Ele me ouviu e contou a história de uma criança que nascera como Alfredo.

Contou do preconceito e da perseguição que a criança sofreu na escola, na rua e em todo lugar por onde ia. Várias vezes foi surrado por meninos que se ofendiam com a presença dele. Foi abusado por parentes, professores e estranhos. Sua avó não se conformou com o que estava acontecendo com ele e o levou para morar com ela, no interior, em um sítio. Ensinou-o a viver com a natureza e deixou que ele descobrisse o que gostava de fazer, sempre o apoiando. Esse menino se tornou adulto e optou por uma vida religiosa. Encontrou a felicidade em contato com a espiritualidade.

― Alfredo não é um mártir, mas provavelmente está limpando seu carma pesado. Ele precisa de alguém que o proteja e o encaminhe para uma vida de fé, amor e solidariedade. Você é o anjo guardião dele, aqui na terra. Proteja-o, tire-o do convívio da sociedade, se for preciso. Ele encontrará seu destino. ― aconselhou o padre.

Eu havia chorado muito. Agradeci e fiquei por muito tempo, sentado no banco da igreja, pensando nas palavras do padre. Eu não permitiria que meu filho sofresse nas mãos de uma sociedade ignorante, insensível e sem compaixão.

Voltei para casa e recebi um lindo sorriso de Alfredo. Eu o abracei e decidi: não deixarei que ninguém apague esse sorriso.

No dia seguinte, voltei à igreja para agradecer ao padre por suas palavras.

O padre não estava, mas chegaria logo, foi a informação que recebi de um coroinha. Fiquei sentado no banco da igreja esperando por ele.

O jovem padre entrou e fiquei de queixo caído. Ele era efeminado no seu andar, nas feições delicadas e nos seus trejeitos.

Sorri agradecido, ele me contou a sua vida. Que bom que o encontrei! Fui até o padre, me identifiquei, agradeci e voltei para casa.

Vendi minha casa. Comprei um sítio e mudei com a esposa e filho.

Alfredo foi poupado de abusos físicos, mas não de preconceitos. Tornou-se um costureiro conhecido.

Passei a questionar tudo, principalmente a mim mesmo. Por amor a meu filho, comecei a me ver como um filho de Deus. Onde está Deus e como chego lá?

Após milênios, eu me encontrei, me amei e cheguei aqui.

Sou instrutor do mundo, meu nome é Saint Germain. ”