Na idade média, eu já estava me preparando para ascensionar.

Fui a décima filha de um lenhador e nomeada de Melanie.

Minha mãe era uma mulher calma, adorava os filhos e cuidava de todos com muito carinho.

Um dia, Afonso, meu irmão mais velho conheceu um soldado e se encantou com as histórias de combates, orgias e a partilha com os bens que encontrassem.

Minha mãe e meu pai fizeram de tudo para convencê-lo de que aquela conversa era de um bêbado que nem sabia o que dizia.

Afonso arrumou suas coisas e partiu.

Minha mãe rezava e chorava todos os dias.

Um dia, enquanto ela rezava, ajoelhada e chorando inconsolável, eu vi uma nuvem escura em cima da cabeça de minha mãe.

Instintivamente coloquei a mãos nos ombros dela e ordenei que a sombra saísse dali. Comecei a dar tapa na nuvem e a espantei.

Minha mãe olhava espantada para mim e riu.

— O que você está fazendo querida? O que você está expulsando daqui?

Eu tinha dez anos.

— Uma sombra escura que a faz chorar. Eu a desfiz com meus tapas.

Minha mãe, colocou a mão na minha boca e sussurrou: não diga isso. Alguém pode ouvi-la e a denunciar que é bruxa.

— Não sou bruxa, mamãe.

— Eu sei, querida. Afonso que cuide da vida dele. Não se preocupe, eu não chorarei mais. Você é meu anjo, cuidarei de você.

A paz voltou na minha casa.

Algum tempo depois, Afonso retornou. Contou suas aventuras e mal disse todas. Conheceu o inferno, a podridão humana e o desrespeito com o semelhante. Ajoelhou-se e pediu perdão a mamãe e papai por não os ouvir.

Essa vida foi simples, de muito amor e carinho com meus familiares.

Minha mãe e meu pai evitavam os vizinhos com medo que eu visse alguma sombra escura e fosse expulsá-la.

Morri cedo, aos dezesseis anos, em uma epidemia na região.

Foi a minha última encarnação na 3D.

FIM

Obrigada Samira.

Conheça mais sobre quem contou uma de suas vidas.

Samira

Anjo azul

Nossa convidada de hoje.

— Meu nome é Samira. Trabalho com os Cavaleiros da Chama Azul.
— Bem-vinda, Samira.

— O que é necessário fazer ou conhecer para poder trabalhar com os anjos?
— Saber quem é, o que quer e assumir que é uma extensão do Criador. Traçar uma rota de volta para a origem. A partir desse conhecimento tudo mais é acrescentado pelo Divino. Parece fácil, mas levei mais de mil anos para acordar para essa verdade.

— Só saber isso é suficiente?
— Não. Essa rota é um caminho sujeito a percalços, encantamentos e ilusões. Mesmo tendo esse desejo, quando estamos na matéria nos iludimos, acreditamos em falsos profetas, nos encantamos e nos apegamos as coisas materiais e crenças. A vontade de chegar prevalece e conseguimos ultrapassar a barreira de frequências que nos prende as dimensões densas, aí fica mais fácil.

— O que você faz atualmente?
— Ajudo no transporte para os que não desejam mais permanecer no planeta. Há alguns anos, Gaia convidou todos os moradores do planeta, um a um, para continuarem a jornada com ela. Os que aceitaram ficar, já traçaram novas missões e os que quiseram voltar para o lugar de onde vieram, estão sendo transladados. Todos esses têm frequência de 5D.

— Como posso representá-la?
— Escolhi o nome Samira de uma encarnação em que fui esposa de um médico em uma região muito pobre e sem auxílio governamental. Esse grande homem me ensinou a compaixão, o amor incondicional e o poder da caridade. Uso a roupa tradicional de um anjo azul. Túnicas longas e lindas. Joias que mantém um campo de força de proteção contra qualquer energia densa. Tenho cabelos escuros e olhos castanhos.

— Obrigada Samira. O que mais eu gosto da visita de vocês é que sempre aprendo coisas novas.

— Minha experiência: “Tapas na nuvem escura”.