O Conquistador Dissimulado

Nasci em um território primitivo, na Austrália.
Vivíamos da pesca e agricultura. Plantávamos, colhíamos e vivíamos em paz.

Até a minha juventude nada de novo acontecia, era sempre a mesma rotina e ninguém visitava nossa ilha.
Um dia, alguns barcos chegaram. Eram homens diferentes, roupas estranhas e armas letais. Na nossa inocência fomos nos aproximando para vê-los mais de perto e um deles levantou uma arma, apontou para o céu e um estampido alto nos assustou. Nos afastamos assustados e eles nos mandaram embora com sinais.

Voltamos para nossas casas e contamos o que aconteceu. Os mais velhos ficaram irritados e decidiram que os invasores é que deveriam se retirar. Houve um confronto, matamos alguns e muitos dos nossos morreram nessa disputa. Eles foram embora.

Descobrimos que não tínhamos armas poderosas o suficiente para enfrentá-los e se houvesse um segundo confronto, seríamos provavelmente massacrados.

Decidimos mudar nossas casas para longe dali, então fomos para um lugar mais escondido e protegido. Tínhamos sentinelas tomando conta da praia, caso eles voltassem nos esconderíamos e os caçaríamos um a um no meio do mato.

Não demorou muito e avistamos um navio enorme. Muitos barcos pequenos e carregados de pessoas chegaram e aportaram. Homens, mulheres e crianças. Eram muitos e um pequeno exército armado. Nada poderíamos fazer. Era melhor observar e só atacar quando estivéssemos em vantagem.

Eles entraram na mata e começaram a se instalar distante da praia. Fizeram casas, cercaram uma grande região e colocaram guardas nas paliçadas. Após a paliçada construíram uma cerca alta de onde os soldados tinham visão de qualquer um que se aproximassem.

Após várias reuniões com os chefes da tribo, decidimos continuar invisíveis para eles.

Eles faziam incursões por todo o continente, mas nos evitavam e sempre que nos viam se afastavam.

Com o tempo se fizeram de amigos, se aproximaram e ofereciam bebidas alcoólicas, nos embebedavam e nos instigavam a atacar outras aldeias. O contato com eles nos trouxe epidemias devastadoras causando morte de uma grande parte da população. Os estrangeiros sempre arranjavam um motivo para fazer intrigas entre uma tribo e outra, enquanto estávamos embriagados, dessa forma as brigas eram inevitáveis e acabavam muitas vezes em massacre.

Eu percebia a situação e alertava os chefes e guerreiros, mas quando eles viam as bebidas alcoólicas esqueciam de tudo e se embriagavam.

Os ingleses decidiram que eu era um perigo e poderia incitar uma revolta e tornar a vida deles difícil, se aproveitaram de um dia em que todos estavam alcoolizados e me condenaram à morte. Fui morto pelo meu próprio povo, mas antes fui torturado e marcado com ferro.

Durante o meu martírio vi um guerreiro vestido de branco vindo em minha direção e ele me disse: não lute, você avisou, tentou e eles não quiseram ouvi-lo, é hora de voltar para casa.

Um balde de água fria jogado no meu corpo, trouxe-me de volta à consciência.

― Ainda é cedo para morrer. A brincadeira mal começou ― falou o soldado inglês.

Um ferro quente foi colocado em minhas costelas e gritei: guerreiro vestido de branco, vou com você.

Uma paulada atingiu minha cabeça e me vi ao lado do guerreiro.

― Vamos! Não há nada mais para se fazer aqui ― falou o guerreiro.

Segui o guerreiro e descobri que eu apenas mudei de dimensão, mas eu precisava de ajuda, estava ferido e sentia muitas dores. Fui levado por ele até um curador.

Não sei quanto tempo levei para me recuperar, mas descobri que sou imortal e não existe o mundo dos mortos, só uma nova dimensão e minha consciência era a mesma.

Esse foi o meu despertar.

― Obrigada Vantuir.

Conheça mais sobre quem contou uma de suas vidas.

Vantuir.

Engenheiro da nave Arcádia.

― Quem é o convidado de hoje?

― Meu nome é Vantuir.

― Pode falar um pouco sobre você?
― Sou tripulante da nave Arcádia. Sou engenheiro e elaboro a manutenção e preservação da nave.

― Como posso representá-lo?
― A aparência que adotamos, geralmente é da encarnação marcante em nossa jornada. Fui um aborígene na Oceania em tempos antigos. Sou magro, alto, de cabelos e olhos castanhos. Uso o uniforme da nave, roupas confortáveis, túnicas ou qualquer outra que represente essa vida e o que eu vestia. Sempre fazemos uma melhoria. Fique à vontade e pode me melhorar o que puder. Gosto de ser bonito.

― Vantuir é um nome aborígene?
― Não! É um nome germânico de outra vida importante para mim.

― Obrigada, Vantuir.

Minha experiência:”O Conquistador Dissimulado”.